Eugénio Costa Almeida

Analise JN3 18062005 Estranha calma

O que é que realmente poderá surgir das eleições de amanhã? Uma nova política? Ou, tão só, a manutenção de um já caduco status quo guineense? Uma política corrupta versus uma aptidão castrense para o poder? É aqui que os eleitores guineenses terão de dizer a sua palavra. Nino e Ialá que, de início, pareciam querer entrar num verdadeiro jogo político em favor do país, acabaram por mostrar que os antigos vício se mantém inalteráveis. Nino continua a pensar que foi a guerra que destruiu o país, como o próprio o deu entender, num dos comícios, em Gabu.Ialá, igual a si mesmo, depois de considerar Nino o seu mais importante adversário, acabou por o desprezar, chamando de "defunto político" e classificar todo e qualquer resultado que não seja a seu favor, como fraudulento. A sua primeira medida após a retomada do poder será, segundo ele, combater o neo-colonialismo, com particular destaque para Portugal, "um dos maiores causadores da crise guineense". Sanhá, na senda da vitória do PAIGC para as legislativas quer conseguir aquilo que os portugueses sempre almejaram, "um Governo e um Presidente da mesma cor". Para isso procurou combater a demagogia, com uma linguagem conciliatória e não tribalista. Tem, no entanto, tem um óbice que o pode prejudicar é um islâmico. Lembremos que Ialá ganhou porque era o único não islâmico na corrida. Já Francisco Fadul, que começou por uma campanha ponderada, termina a campanha com críticas, desafiadoras e claramente ofensivas contra Ialá e Nino. Estes são, por isso, os seus principais alvos a abater. Mas da campanha o que realmente ficou? Unicamente uma imagem de serenidade dada por aquele que, em meu ver, seria o principal candidato à presidência - Henrique Rosa, e uma classe castrense estranhamente calma.

Publicado no "Jornal de Notícias" - Comentário, de 18.Jun.2005

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