(2016) Eduardo dos Santos diz que vai sair da política em 2018, mas…
O Presidente José Eduardo dos Santos anunciou hoje, na abertura na abertura da 11ª reunião ordinária do Comité Central do MPLA, que pensa abandonar a política activa em 2018, quando deverá perfazer 76 anos de idade (nasceu a 28 de Agosto de 1942).
A dúvida, e a minha perplexidade, que ficou subjacente nas palavras proferidas por Eduardo dos Santos é se irá – ou será – ser candidato às previstas eleições de 2017.
E essa dúvida ficou bem expressa quando o Presidente José Eduardo dos Santos – também presidente do MPLA – durante a sua biografia fez referência às duas eleições em que saiu designado como presidente da República, a última em 2012 e sublinhou que o seu mandato termina em 2017.
Ora, no momento em que dos Santos sublinha, ou parece dar ênfase, a esse final de mandato está a sugerir que já cumpre os dois mandatos previstos na Constituição de 2010 (art.º 113, nº 2 “Cada cidadão pode exercer até dois mandatos como Presidente da República.”).
Ressalvemos que, ao contrário do muito que se tem escrito, a Constituição não diz “consecutivos” mas, e tão só, ”até dois mandatos”. E foi com isso que se infere que poderá não ir às eleições de 2017.
Face a estes possíveis encadeamentos políticos, face às palavras, na abertura da reunião partidária que pertence – e, como nota pessoal e como angolano, sublinhe-se que como Presidente de Todos os Angolanos, Eduardo dos Santos deveria, enquanto tal, suspender as suas funções como presidente partidário – poderemos, ainda que de forma benigna, perspectivar que dos Santos deseja sair da Presidência da República e manter-se, somente, como presidente do Partido até ao Congresso de 2018 quando, face às suas palavras, deixará a política activa.
Um facto é certo, parece-me curto este tempo entre Agosto de 2016 e as previstas eleições – ainda não se sabe a data efectiva das mesmas – de 2017 para o MPLA poder apresentar uma figura consensual e aglutinadora que vise conseguir uma vitória eleitoral de modo lhe possa permitir voltar a designar o Presidente. A História política recente do País tem mostrado que as segundas figuras, naturais possíveis e putativos sucessores, pelas mais variadas razões, emergem sempre queimadas.
Mas manda o natural bom senso nacional que, nestes casos, o melhor é ser como São Tomé! Aguardemos pelo Congresso do MPLA, em Agosto próximo qual será a futura composição política do seu Bureau e qual o cargo que Eduardo dos Santos vai ocupar bem como a seu imediato futuro rumo político.
Publicado no portal Africa Defence & Security, em 11 de Março de 2016; em versão bilingue Inglês e Português https://africadefesaeseguranca.wordpress.com/2016/03/11/jose-eduardo-dos-santos-says-he-will-quit-politics-is-that-so/