Uma vez mais os terroristas da al-Qaeda voltaram a provocar dezenas de mortos. Desta feita na região balnear egípcia de Sharm el-Sheikh, frequentada, essencialmente, por europeus e israelitas.
Foi, depois de Luxor, em 1997, o maior ataque mortífero a uma região turística egípcia. Será que os islamitas continuarão a aceitar que uma rede terrorista continue a denegrir o bom-nome de Allah e do Islão para acobertarem os seus raids terroristas? Sabemos que fundamentalistas e radicalistas hão-os em todas as religiões, credos e sociedades.
Mas, não será altura dos imãs, cheikes, ulémas e, de uma maneira geral, a Umma, pôr fim a este paradoxo que é a utilização, por parte de terroristas sanguinários, do Islão como panaceia dos seus instintos mais primários.
É altura de dos chefes supremos do Islão lhes explicar que o fim do mundo ainda está longínquo e que, portanto, a vinda de Mohammed al-Mah’di (o último imã dos Doze), ainda está longe de acontecer.
É altura das sociedades mediterrânicas se juntarem e fazerem frente a esta corja que utiliza a religião como argumento de terror.
Como escreve Adelino Maltez no prefácio ao meu primeiro livro “Fundamentalismo Islâmico: A Ideologia e o Estado” é necessário inverter e esquecer as ondas do tenebroso, os misteriosos cabos bojadores e os fantasmas dos adamastores. Ou seja, transformar o Mediterrâneo num novo espaço de boa esperança.
Mas também como muito bem relembra Maltez, “…’a procura do diálogo de culturas’ e do ‘encontro de religiões’, à maneira de Assis, só é possível se nos ‘expatriarmos nas nossas próprias origens’ (Heidegger), isto é, reconhecermos ‘a contemporaneidade filosófica de todas as civilizações’(Toynbee)”.
Daí que não será com ataques e, ou, ameaças de bombas a mesquitas, como em Londres, nem com disparates como a do congressista norte-americano em atacar os principais locais sagrados do Islão – a mais elevada idiotice no dar ideias a terroristas, ou seja, serem eles a fazerem-no primeiro além de que, já há muito, que as cruzadas acabaram –, que poderemos juntar estas duas congregações religioso-societárias.
É altura das forças sociais se juntarem e procurarem, de facto, a cabeça do polvo e destruírem-na, doa a quem doer, mesmo que ao(s) seu(s) criador(es).
É altura de dizer… Basta.
Publicado no site "Africamente" em 25.Jul.2005