Sem votos contra – a Unita e a FNLA abstiveram-se e os restantes votaram a favor – foi aprovado, em Luanda, o Orçamento Geral de Estado, para 2007, e o Programa Geral do Governo para o biénio 2007-2008, apresentado pelo actual Governo de Unidade e Reconstrução Nacional (GURN).
Apesar de pertencer ao GURN, (e, pelos vistos, parece que por muito mais tempo dado que as eleições nunca mais se realizam, embora o primeiro passo já esteja dado) a Unita, em termos parlamentares está entre os partidos oposicionistas. Todavia, não podemos deixar de registar que os dois principais partidos oposicionistas não deixaram de fazer as suas críticas quanto a alguns pontos que consideram – e bem – ainda longe de estarem satisfeitos, nomeadamente, no sector da saúde.
Por alguma razão as doenças endémicas continuem a matar indiscriminadamente em Angola, enquanto postos de saúde se debatem sem fármacos.
O grupo parlamentar da Unita, liderado por Alcides Sakala, alertou para o facto dos dois documentos não contemplarem, devidamente, os interesses das populações urbanas e rurais, bem assim o combate à pobreza, corrupção, falta de emprego e transparência governativa estarem aquém do desejável.
Talvez porque as doenças endémicas continuem a matar indiscriminadamente em Angola, enquanto postos de saúde se debatem sem fármacos. Já a FNLA propôs a melhoria do salário mínimo para a função pública (350 US dólares) e apontou o pouco progresso nos sectores da educação, habitação e saúde factos que levam ao progressivo aumento de endemias como a cólera, malária, sarampo, doença do sono, sida, tuberculose, etc. (basta dar uma vista de olhos pela insuspeita Angop).Talvez, por isso, é que as doenças endémicas continuem a matar indiscriminadamente em Angola, enquanto postos de saúde se debatem sem fármacos.
Por sua vez, os outros grupos parlamentares (PRS e os que formam o grupo Misto) preferiram falar na descentralização financeira, na adopção de um salário mínimo condigno e invariavelmente na falta de água potável e electricidade que podem, conjugados, aumentar os índices de falta de salubridade pública. Talvez, por isso, é que as doenças endémicas continuem a matar indiscriminadamente em Angola, enquanto postos de saúde se debatem sem fármacos. Talvez por isso, e de acordo com Ana Fernandes, do Programa Nacional de Luta contra a Malária, citando o Ministério da Saúde, no ano passado verificaram-se 2,2 milhões de casos de malária que provocaram 12.702 óbitos.
Publicado no site "Africamente" em 17.Nov.2006