Pode haver proporcionalidade numa qualquer resposta de um qualquer país face a ataques terroristas, mesmo, e principalmente, se estes vêm de organizações teoricamente políticas mas com milícias mais bem e melhor organizadas e armadas que as forças armadas dos próprios países onde estão sedeadas?
Esquecem os analistas que consideram haver desproporcionalidade da resposta israelita o que aconteceu com a resposta norte-americana após o 11 de Setembro?
Deslembram-se esses analistas que o ataque ao Afeganistão, considerado então como o poiso dos terroristas que praticaram um dos mais imundos e inumanos actos de terror, acabou por ser política e estrategicamente legitimada pela Comunidade Internacional além de o ter sido também pelo Direito Internacional Público?
Perante estas evidências e face há existência de partidos(?) com milícias armadas – fortemente armadas, casos do Hezbollah e do Hamas, – que não reconhecem o direito à vida sob a estúpida e inconsequente desculpa do dogma religioso, pode haver proporcionalidade na resposta dos atacados?
Um país tem o direito – e face à opinião pública interna, o dever – de se defender de ataques terroristas, venham eles de onde vierem.
Um país, seja ele qual for, não pode eternamente, para manter a sua integridade territorial e política intactas, permitir que uma qualquer organização armada, ainda que legitimada pelo voto – o Hamas, na Palestina, e o Hezbollah, no Líbano – possa pôr em causa a sua sobrevivência e, mais grave ainda, quando essas organizações estão, clara e inequivocamente, a serem financiadas e armadas por dois Estados reconhecidos como os que, actualmente, mais financiam e protegem o terrorismo.
Pois se Israel poderia ser mais contido nos seus ataques ao Líbano, ainda que sob a capa de se auto-defender de ataques terroristas – como podem o Hamas e o Hezbollah invocarem que o rapto de soldados israelitas os tornam prisioneiros de guerra; são aquelas organizações Estados? –, também o Líbano, e a Palestina, não podem continuar a permitir que organizações defensoras do terrorismo e da destruição de um Estado legítimo e reconhecido pelo areópago internacional persistam em utilizá-los como plataformas para os seus ataques de terror.
Nestes casos, infelizmente, não pode haver proporcionalidade.
O problema, e aqui a Comunidade Internacional – União Europeia, EUA e Rússia, incluída, – são os grandes responsáveis pelo Líbano estar a passar pelo que passa nesta altura.
Quando quiseram “libertá-los” do domínio de 30 anos sírio, não precaveram em armar devidamente as forças armadas libanesas e “admitiram” a presença do Hezbollah que ganhou forte ascendente no Parlamento libanês. Ora, se as forças regulares libanesas não têm qualquer poder para fazer face às milícias do Partido de Deus – o Hezbollah – como querem que Israel, o atacado, seja contido no extermínio dos terroristas?
O Ocidente, em geral, e os EUA, em particular, têm de fazer valer a sua influência na região para estacarem a escalada que se perspectiva na antiga Palestina Otomana. Mas não será, por certo, com conversas com aqueles que, a dada altura, foram – e são – considerados como financiadores e fomentadores do terrorismo na região: a Síria e o Irão.
Porque é isso mesmo que estes dois países, e consequentemente o Hezbollah e o Hamas, esperam e desesperam. Serem chamados para estancarem a crise e, paralelamente, passarem a ser vistos como os interlocutores válidos na crise. É isso possível? Sim, logicamente. Mas é aconselhável?
E, já agora, como se justifica que os talibãs tenham, nesta altura, recrudescido os seus ataques no Afeganistão e quem garante que os mesmos não estão em consonância e concertados com a crise que ocorre na Terra da Conflitualidade?
Para o Ocidente, não seria uma dispersão de meios e fundos políticos e económicos por duas regiões diferentes e distanciadas entre si?
E como se reflecte isto na continuada subida de crude… e quem ganha com ela?

Publicado no site "Africamente" em 20.Jul.2006
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