Angola, desde a sua independência, em 11 de Novembro de 1975, trilhou um caminho marcado por uma miríade de desafios e conquistas. Ao longo destes 49 anos, o país viu-se imerso em um contexto de grandes expectativas que, em muitas ocasiões, não foram concretizadas. A promessa de um futuro próspero e igualitário nem sempre – ou raramente – se materializou, levando a uma reflexão profunda sobre os caminhos trilhados e o que ainda poderá ser esperado nos 50 anos de independência.
Mas… sê-lo-á?
Durante décadas, os cidadãos angolanos enfrentaram a realidade de um crescimento económico que, embora significativo em alguns (poucos) momentos, não se traduziu necessariamente em melhorias na qualidade de vida da enorme maioria da população. A corrupção, a desigualdade sócio-económica e a falta de acesso a bons serviços básicos como educação e saúde foram apenas algumas das frustrações que têm pairado sobre o sonho de uma Angola desenvolvida. As expectativas em torno das vastas riquezas naturais do país – como petróleo e diamantes, principalmente, dado serem (ainda) as nossas principais exportações – muitas vezes, a grande maioria das vezes, não se reflectiram em benefícios tangíveis para a nossa população.
Entretanto, a nossa História, a História de Angola, não tem sido feita, apenas, de decepções. O país também tem demonstrado uma resiliência notável e capacidade de adaptação. Somos um Povo resiliente!
Nos últimos anos, esforços de uma importante diversificação económica, programas de reforma e iniciativas voltadas para o desenvolvimento sustentável começaram a delinear um novo panorama. A juventude angolana, cada vez mais engajada e activa, mas, também, muito crítica e expectante, é uma força motriz que tenta – na maioria dos casos, de forma infrutífera, – procurar transformar a realidade, exigindo mudanças e melhorias.
À medida que Angola se aproxima dos 50 anos de independência, a pergunta que paira no ar é: o que podemos esperar para o futuro?
Há um sentimento crescente de que este é um momento crucial para o país, uma oportunidade para reavaliar suas prioridades e traçar um novo caminho. Os próximos anos devem ser marcados por um foco em políticas de inclusão, transparência e investimento em áreas fundamentais para o progresso social, como a educação e a saúde.
Mas... consegui-lo-á?
Para isso, é essencial promover um diálogo aberto e inclusivo entre governo, o poder político e a sociedade civil, garantindo que as vozes de todos os angolanos sejam ouvidas. O fortalecimento das instituições democráticas e da governança pode ser a chave-mestra para restaurar a confiança da nossa população nas suas lideranças.
Os 50 anos de independência de Angola podem ser vistos como um marco não apenas para celebrar a História, mas também para vislumbrar um futuro onde as expectativas não sejam mais furadas, mas atendidas.
Os 50 anos que serão celebrados em 2025, é um momento para sonhar e, mais importante, para agir. Somente assim, Angola – e todos nós – e poderá finalmente alcançar o potencial que muitos acreditamos que possui, transformando o contexto actual em um terreno fértil para um futuro próspero e equitativo.
Assim saibam pensar os nossos dirigentes políticos e trabalharem na transparência das coisas públicas.
Somos um Povo resiliente! Mas, não esquecer, que toda a resiliência tem limites…
Inicialmente publicado no meu blogue Pululu, em 11.Novembro.2024 com o título «Angola: 49 Anos de Expectativas Furadas? O Que Esperar dos 50 Anos de Independência?» e posteriormente retranscrito no Jornal Folha 8 (online) no mesmo dia e com o título acima; também publicado na edição, em papel, nº1630, de 16 de Novembro de 2024.