Eugénio Costa Almeida

O Jornal de Angola faz hoje, 27 de Maio de 2020, estampa do facto das nossas Universidades não estarem entre as «200 melhores universidades africanas, no “ranking” do Webometrics» – mas encontramos a primeira entre as 500 melhores, com a UCAN (Universidade Católica de Angola), na posição 412 e Óscar Ribas, na posição 619 –, embora reconheça que no «Ranking Universitário Africano de 2020, do Unirank» estejam, pelo menos, 3 Universidades, sendo a primeira a «Universidade Privada de Angola, que aparece em 70º lugar, (seguida da) Universidade Católica de Angola em 79º lugar (e da) e a Universidade Agostinho Neto na posição 98» e a Universidade Óscar Ribas, em 117º.
Todavia, se acompanharmos este ranking da Unirank, iremos constatar que existem, pelo menos, mais outras duas Universidades angolanas, que o texto omite: a Universidade Óscar Ribas, em 117º, e a Universidade Metodista de Angola, em 167º. Ou seja, neste ranking temos, ainda assim, 5 Universidades entre as 200 melhores Universidades africanas.
No texto, surge um comentário do sociólogo Cláudio Tomás, onde refere que, e cito, «Nem sempre os critérios que são usados para aferir a qualidade das universidades são consensuais»; ainda que tenha algum – muito – fundamento, não me parece que seja única e principal razão. Há, e disso tenho dado conta nestas páginas, como em artigos, falta de apoio governamental junto da comunidade científica – logo, junto das Universidades e Instituições Superiores Politécnicas – sendo que são poucas, muito poucas, as que produzem publicações científicas.
Ora sem apoios aos académicos, sem apoio do Governo – para quando a institucionalização (que eu conheça, ainda não existe) de um organismo que coordena as actividades científicas académicas e de investigação –, sem publicações dos monogramas (com qualidade, claro) de licenciaturas, de Dissertações de Mestrado e, agora, porque já os promovemos, Teses de Doutoramento e sem publicações e artigos científicos de autores nacionais e internacionais em publicações produzidas nas nossas Instituições Universitárias, dificilmente ficaremos nos primeiros 100 lugares africanos, quanto mais, ascendermos – como é, por certo, o desejo de toda a Academia angolana – nas 500 maiores Universidades Mundiais.
Estas são, para mim, mais que a subjectividade dos critérios usados a que Cláudio Tomás – e com elevada razão – faz referência, algumas das principais razões por que nunca estamos, ou iremos estar, entre os três ou 4 rankings maiores e mais importantes mundiais universitários.
É altura do Governo – seja qual for – e do ministério que regula o Ensino Superior, olhar para as nossas qualificações e nos ajudar a projectarmos. É que, além de não teros publicações, quando as há, não há dinheiro para as produzir…

***Especial para O Kwanza (www.jornalokwanza.com)

Publicado no portal O Kwanza, em 27-MAIO-2020 - 23:34 (para verificar os rankings, ver aqui ou, se difícil, ver n' O Kwanza)

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