A dívida de São Tomé e Príncipe está, aos poucos, ser perdoada pelos seus principais credores, nomeadamente, no chamado Clube de Paris (CP) onde predominam os credores bilaterais. O acordo com o Clube ocorreu em Maio de 2007.
Um pequeno parênteses para diferenciar, de forma ligeira, o Clube de Paris, que agrupa países e onde se tratam as dívidas bilaterais entre Estados, e o Clube de Londres, que agrupa as dívidas multilaterais entre Estados e privados, e não poucas vezes, também públicas, mas debatidas e reescalonadas sob supervisão de banqueiros internacionais.
Depois de ver perdoada, na íntegra, a sua dívida ao Banco Internacional de Reconstrução e Desenvolvimento (BIRD, vulgo Banco Mundial) e ao Fundo Monetário Internacional (FMI), num montante perto dos 320 milhões de dólares americanos (USD), e de perdoados cerca de 13% da dívida total aos 19 credores inscritos do CP Alemanha, Portugal e Angola decidiram, também estes, perdoar a dívida que ascende a cerca de 46,6 milhões de USD.
Em concordância com as directrizes e os acordos firmados com os credores, esse perdão estará sujeito ao cumprimento de certos objectivos. As dívidas deverão ser reconvertidas em benefícios à população e ao combate à pobreza, de acordo com os princípios do Milénio.
Mas se estes credores já o fizeram, e outros deverão estar a caminho, casos da França, Itália e Rússia, credores hão que ainda estão a estudar o eventual perdão ou reconversão da dívida. De entre eles destaca-se a China.
Ora como STP não tem relações bilaterais com a China depreende-se que esta deverá ser uma dívida antiga – antes do fim das relações com a China e o estabelecimento de relações com Taiwan – ou, indirectamente, recente mas cujo interesse chinês estará muito para lá do pragmatismo económico.
Como a China não dá nada que não preveja uma troca em “caculo” [muito cheio, ou, no caso, muito para além do dobro], estou a crer que por detrás de um eventual perdão estarão benefícios nos concursos, não públicos – isto se os houver –, a favor de petrolíferas chinesas.
Para os chineses o tempo é aquele que eles quiserem. Ou seja, são pacientes porque sabem que terão sempre a última palavra. E cada vez mais, isso se verifica…
Esperemos que STP consiga cumprir com, pelo menos, os objectivos mínimos do milénio. Se outros e com mais condições já afirmaram que o não conseguirão como exigir a um país que ainda não viu a cor do crude o faça já?

Publicado no Noticias Lusófonas, em 24.Ago.2007

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