Um dos grandes problemas dos países democráticos é conseguir que “gregos” e “troianos” se sintam, simultaneamente, agradados e satisfeitos.
Para isso, muito contribui (deve contribuir) a comunicação social no todo.
E tem sido isso que tem acontecido, com maior ou menor, importância nas democracias mundiais.
Foi a imprensa que, com o “Watergate”, conseguiu fazer demitir o presidente norte-americano Richard Nixon, foi a mesma comunicação social que ajudou a empurrar o presidente brasileiro Collor de Melo para o Palácio da Alvorada e foi também ela que o desalojou de lá, foi ainda a imprensa que alertou para a chacina do Soweto, na África do Sul, e destacou a personalidade de Nelson Mandela ao ponto de muito ter colaborado para a sua libertação.
Foi-o em Portugal onde Santana Lopes, o há altura primeiro-ministro, veio a terreiro reclamar de sondagens publicadas que lhe eram pouco afectas, o que o levou a ameaçar recorrer aos tribunais caso estas estivessem longe da “sua verdade”.
Tudo isto vem ao caso da situação da imprensa angolana que parece estar num indeterminado limbo quanto á sua posição face ao poder.
Tudo isto porque um amigo, tentou denunciar uma eventual fraude na economia angolana e a grande maioria da imprensa ou não quis escutar ou exigiu-lhe pagamento para publicar a sua denúncia, mesmo sob anonimato.
A dúvida aqui reside em:
1. Ou a corrupção está de tal forma instalada no país que nem na comunicação social nos podemos agarrar como náufragos à porta da morte; e eu não quero acreditar nisto;
2. Ou o medo do poder é tão ilimitado que até da Justiça desconfiamos; porque é esta que nos deve proteger em caso de litígio face ao poder instituído; e eu ainda acredito que a Justiça do meu país é livre – e alguns factos reforçam a minha crença nisso;
3. Ou, então, a imprensa entrou num ciclo de sobrevivência tal que só falam no que é totalmente impossível desmentir; esta é situação permitirá fazer perdurar casos que estejam inteligentemente a serem levados a cabo, dado ninguém parece querer arriscar.
Ora se for esta a situação vigente no país, então é uma situação doentia que dificilmente poderá permitir a permuta democrática do poder no país.
Não faço, nem quero fazer acusações. Mas tenho conhecimento, por interposta pessoa, que um órgão de comunicação social solicitou dinheiro par divulgar essas eventuais fraudes. Acontece que o referido órgão é reconhecido como sendo contrário ao “status quo” instituído, o que, a ser verdade, dói ainda mais.
E depois há aquele caso relatado pelo Notícias Lusófonas de, certas personalidades ainda não identificadas por aquele órgão, parecer terem tentado comprar notícias em Portugal.
E em “vésperas” de eleições gerais em Angola (?) não abona o bom-nome do país nem dos seus governantes e, muito menos, da necessitada isenção dos órgãos de comunicação social angolanos.
Uma isenção que pode ser ajudada pelo livre acesso aos meios de comunicação alternativos como é, por exemplo, a Internet. Para isso é necessário que este novo veículo de comunicação (um dos novos e consistentes pilares do Índice de Desenvolvimento Humano) possa chegar a todas as empresas e lares angolanos sem quaisquer constrangimentos.
Vamos esperar que tenham sido casos pontuais e acontecidos ao arrepio quer do poder (que por certo o não deseja) quer dos directores e editores dos referidos órgãos.
Apesar do que se possa dizer e afirmar sei que há directores que desejam manter uma certa equidade nas notícias publicadas, mesmo que isso lhes tragam alguns dissabores como os comentários que vemos, por vezes, publicados junto das mesmas em órgãos com sítios na Net.
A justiça e a igualdade de tratamentos a isso, por vezes e quase sempre, o obrigam.

Publicado no sítio AngoNotícias em 26.Fev.2005 (http://www.angonoticias.com/full_headlines.php?id=4194) e reproduzido no “Notícias Lusófonas” do mesmo dia

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