Na madrigálica vila de Diplomopólis, onde as relações internacionais são quase tão solenes quanto uma missa de domingo, o ilustre e rico senhor John Bull, preparava-se para uma visita altamente estratégica ao seu vizinho atlântico senhor Jota Lê (e será que lê?). Ah!, e como todos aguardavam ansiosamente este marcante e cerimonioso encontro, previsto para ser uma festa de conexões bilaterais e acordos benéficos!
E como estava bonito o terreno – e a singela casa – do senhor Jota Lê. Um magnífico quadrado todo limpinho, bem varrido, paredes, muros e passeios pintadinhos e animais daninhos corridos para outros poleiros…
Só que, aiuê…, no meio deste excepcional e invejado evento de vizinhanças atlânticas, eis que surgiu uma sombra no horizonte – tudo o que é bom e invejado traz sempre maus-olhados…, aiuê… –: um inefável e turbulento Milton Chicano, também conhecido como sendo um vizinho indesejado de John Bull, decidiu fazer das suas e encharcar os límpidos quintais deste distinto e rico vizinho, sem que este pudesse sair da sua pecuniosa, garbosa e faustosa vivenda, aiuê. E não satisfeito com este empapanço o senhor Milton Chicano, pela calada, fez tudo em grande e feroz velocidade, aiuê…
Assim, o encontro ficou em suspenso e, quem diria…, desmarcado. A ideia de ter um diplomata de renome dando atenção aos pequenos e latentes problemas dos dois “novos” vizinhos era o que ambos mais desejavam. Mas… mas há sempre um Milton Chicano, um caenche, na vida de uma pessoa que tudo disperde, como se as casas dos vizinhos fossem o seu eleito palco, esticando os ramos da sua impureza calamitosa numa exibição digna do mais apurado dos artistas.
Diante de tal excentricidade, ficou claro que para a (míngua) diplomacia e as atitudes inoportunas e catastróficas de vizinhos inconvenientes, todos precisamos de um acordo procrastinado. Afinal, se o barulho da marinhagem do senhor Milton Chicano servia, como serviu, para arruinar o encontro, ora, o mais sábio seria adiá-lo até que o "Rei das Catástrofes", como o senhor Milton Chicano de denomina, decidisse que um dia de paz era benéfico para todos, incluindo, claro, os seus próprios vizinhos.
Assim, e por isso, a visita do senhor John Bull ao senhor Jota Lê foi, por esta vez, adiada, provando que em Diplomopólis a vida pode ser, no mínimo, tão divertida quanto complicada.
Mas os bons vizinhos atlânticos de Diplomopólis acreditam que ainda vão beber umas boas Cucas no quintal e comer umas boas quitetas na piscina olímpica kamutangre do senhor Jota Lê…
Jota Lê quer que o senhor John Bull seja um seu "ganda" Kamba e que lhe apresente `insigne senhora Lakama; é que o senhor Jota Lê já conhece o senhor Golden Pointyhair e não gosta dele! Natural… o senhor Golden Pointyhair, mais conhecido por DT, só gosta de "gandas" vivendas e não de casas "mínimas" ou, como ele há uns anos afirmava de… tipologia “shitoles countries”!
Oiê!...
Inicialmente publicado no meu blogue Pululu e posteriorente publicado no Jornal Folha 8, eddição 1626, de 12.Outubro.2024, pág. 40 e na edição online, de 11.Outubro.2024