Qualquer que seja a opção que os peruanos tomarem, irá afectar qualitativamente o já frágil sistema político andino-bolivariano.
Ao populismo chaveziano de Humala opõe-se a nacional-cristã Flores, sem esquecer que o liberalismo de Garcia ainda capitaliza uma grande faixa de apoio.
Mas, o que está em causa, mais que as eleições peruanas é o eixo continental. Os peruanos sabem que os norte-americanos, enquanto assinalarem os níveis de reserva petrolífera que têm, aceitam um Chavez, mas duvidam, e como eles os restantes latino-americanos – não se estranha, por isso, que Cuba nada pronuncie – que dificilmente aceitem um segundo “bolivariano”.
Quer o académico Manuel Burga como o analista Uriel Soto, acreditam que, apesar de todos os cenários ainda previsíveis – Humala não pára de acenar com hipóteses de golpe de estado – dificilmente acontecerá alguma transformação radical na política peruana.
Eles sabem que os EUA nunca deitaram fora o “big stick”, de certa forma reafirmado por JFK e por outro lado, os maioistas do Sendero e dos Tupac Amaro ainda não estão “calmos” como fazia crer Fujimori, – tão longe das lides, mas tão perto do utopismo popular.

Publicado no "Jornal de Notícias", em 08.Abr.2006

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