Eugénio Costa Almeida

Moçambique está a festejar 30 anos de uma genuína sobrevivência como Estado, mas não ainda como Nação. Falta-lhe consolidar política, económica, social e linguisticamente para atenuar as diferenças que abarcam o mosaico etnolinguístico (um questão por que passam os países africanos).


Mas nem por isso, têm deixado de crescer, designadamente desde que tomaram como definitiva a Paz. E isso vê-se no atitude da sociedade moçambicana se avaliarmos as evoluções sociais por que têm passado nos últimos quinze anos.
Com Machel viveram a via do progressismo protonacionalista, barroco e ineficaz; deslizou com Chissano, argutamente, para uma sociedade de mudança a que não foi estranha a Paz; agora está, com Guebuza, e apesar das pardacentas políticas de Afonso Dhlakama, a afirmar-se como uma sociedade de livre consumo à procura da afirmação política.
No entanto, o grande problema dos moçambicanos não é a consolidação da política, da língua, ou dos valores patrióticos – mesmo que também se estejam a preparar para adoptarem novos símbolos nacionais – mas, tão só, a eterna subnutrição e deficiente produção agrícola.
Milhares finam com fome devido às cíclicas – diria constantes – vagas de seca com os lógicos prejuízos económicos e, principalmente, humanos.
E é aqui que os doadores, como a União Europeia, entram. E que a “acção G8” do perdão da dívida pode ajudar a firmar Moçambique. Mas que seja, realmente, uma clara ajuda.
O ex-farmers zimbabweanos dão o exemplo. Basta segui-los.
Confiemos nos próximos dez anos.

Publicado no "Jornal de Notícias", de 25.Jun.2006, pág. 28

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